Muitas bandeiras, discursos, palavras de apoio e até uma pequena banda
orquestrada pelos estudantes marcaram o Dia Nacional de Mobilização pela
Educação Pública, na última quinta-feira, na Universidade Federal do Maranhão
(Ufma). A manifestação foi organizada pelo Sindufma, Sintema, DCE Ufma e Assuma
com participação de alunos, professores e funcionários que protestaram contra o
contingenciamento orçamentário adotado pelo governo federal e a aprovação do PL
4330, que retira direitos de trabalhadores ao permitir a terceirização sem
limites, em todas as funções de qualquer empresa e setor.
O contingenciamento orçamentário tem refletido na falta de recursos nas
universidades e causado preocupação na comunidade acadêmica. A decisão de
congelar um terço das despesas de todo o governo, atingiu majoritariamente a
pasta da Educação, com um corte de R$ 600 milhões por mês. Entre as medidas em
análise está a suspensão de contratos ou cortes parciais de recursos. A
situação financeira da Ufma, como em todas as IFES no país, pode ficar difícil,
com o orçamento insuficiente para bancar as despesas da instituição.
O secretário geral do SINDUFMA, Cristiano Capovilla, justifica o
movimento. “Exigimos que parem com os cortes de verbas. Na Ufma foram cortados
10 por cento do orçamento previsto anualmente. O ensino, pesquisa e extensão
são diretamente afetados, além da conclusão de obras de infraestrutura e
compra de equipamentos que ficam comprometidos”, disse. Para Capovilla o
governo pode conseguir “parte desses recursos pela regulamentação da
taxação das fortunas que está prevista na Constituição. O cálculo anual dessas
taxas corresponde a 14 bilhões de reais”, concluiu.
A diretora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS),
professora Nair Portela, acompanhou o movimento ativamente. Ela enfatizou que
as universidades já estão deficitárias e que os cortes de recursos podem
influenciar na qualidade dos serviços que esses profissionais vão prestar à
sociedade. “Estamos aqui em favor da valorização e respeito pela educação e
pelos profissionais da educação em todos os níveis. A educação no Brasil deve
ser financiada de forma adequada e justa. A aplicação destes cortes provoca
queda crescente e rápida na qualidade do ensino. Isto significa a
desestruturação de todo o sistema educacional. Temos a preocupação imediata com
a manutenção dos hospitais universitários e com investimentos em equipamentos.
É um setor de suma importância para atender a população”, completou.
O estudante de filosofia e presidente do DCE, Kleysson Moreira, também
participou da manifestação acompanhado de dezenas de colegas. “Temos de
entender a importância da nossa unidade pela luta a favor da educação pública,
que não é um gasto, é um investimento. A Universidade, junto com as centrais
sindicais, está aqui pela pauta do dia, que é lutar pela garantia do melhor
para a educação”.
É preciso avançar
É comum entre professores, funcionários e estudantes o comentário sobre
o desenvolvimento da Ufma e todos temem uma estagnação. O professor Fábio Palácio
do curso de Comunicação Social lembrou que, “a Ufma vem se desenvolvendo nos
últimos anos e este crescimento está ameaçado pelo fato de que o governo
federal quer jogar cortes dos ajustes fiscais nas costas dos trabalhadores e
estudantes, a consequência disso é a descontinuidade em programas de ensino,
pesquisa e extensão”, disse.
O professor Alan Kardec Barros do curso de engenharia elétrica defende a
organização da luta. “Nossa mobilização é pela defesa da educação e contra o
contigenciamento de recursos e a terceirização do trabalho”.
Estudantes do Campus de Pinheiro dos cursos de Enfermagem, Educação
Física, Ciências Humanas e Ciências Naturais vieram em caravana para engrossar
a manifestação. “Para nós é de suma importância participar da luta pela
qualidade do ensino. Queremos mais espaço físico, equipamentos, laboratórios e
acervo bibliotecário. Nossos professores estão sobrecarregados. Temos de exigir
do governo investimentos na qualidade da educação porque nós vamos devolver em
forma de serviços à sociedade”, disse a presidente do Diretório Acadêmico de
Enfermagem, Maryjane Cruz.
A presidente da Associação dos Amigos da Ufma, Graça Ferro, participou
da manifestação com um discurso de apoio e distribuindo panfletos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário