terça-feira, 11 de agosto de 2015

Falta de diálogo - Caema e Prefeitura de São Luís não se entendem e construtoras não sabem o que fazer com o esgoto dos condomínios de luxo

As crianças que frequentam o parquinho da avenida Litorânea ainda não têm ideia do futuro das praias de São Luís.

Ao lado do parquinho, embaixo da ponte, desemboca o rio Calhau, um dos candidatos a ser transformado em esgoto a céu aberto da cidade.

Enquanto as crianças brincam, sob o olhar vigilante dos pais, a Prefeitura de São Luís vem realizando audiências públicas para revisar a Lei de Zoneamento, um dos principais instrumentos do Plano Diretor.

As audiências são acompanhadas atentamente pelas empreiteiras do ramo imobiliário, interessadas na ocupação do solo urbano para a construção de condomínios.
Ocorre, porém, que a revisão da Lei de Zoneamento está ocorrendo sem diálogo entre a Prefeitura e a Companhia de Saneamento Ambiental (Caema).

A cidade vai ser tomada por novos prédios comerciais e de moradia sem um plano de saneamento.

Traduzindo: não se sabe onde despejar o esgoto dos novos imóveis concluídos ou em construção, principalmente nas proximidades das praias de São Luís.
JARDINS É DÚVIDA

Os grandes empreendimentos imobiliários na capital, vendidos como sonho de consumo, são facas de dois gumes.

Se por um lado atendem ao desejo de moradia, podem esconder graves impactos na vida de todos os moradores da cidade.

O condomínio Jardins, da construtora Cyrella, pode ser um exemplo.
 
Construído às margens das avenidas Jerônimo de Albuquerque e Luís Eduardo Magalhães, o Jardins impacta não só porque inviabilizou os pedestres e ciclistas.
Nos fundos da obra, as imagens colhidas pelo blogue registraram canalizações que apontam indícios de despejo dos efluentes do Jardins no rio Calhau.

Os indícios preocupam, especialmente, os moradores de um outro condomínio – o Park La Ravardière, localizado no Alto do Calhau, formado por 63 casas, vizinhas do sítio Rangedor.

A linha dos canos ao fundo das torres do Jardins segue em direção ao rio Calhau, que atravessa o Park La Ravardière, a Vila Conceição, a avenida dos Holandeses e desemboca na Litorânea, ao lado do parquinho.
O condomínio Jardins tem previsão final de 17 torres de apartamentos, onde vão morar 4.700 pessoas, aproximadamente.

Apreensivos com o risco de esgoto no rio, moradores do Park La Ravardière solicitaram audiências com as secretarias municipal e estadual do Meio Ambiente, mas não foram atendidos até agora.

Os moradores também acionaram o Ministério Público (MP) para solicitar esclarecimento e ações sobre o risco de derramamento de esgoto no rio Calhau.
O MP já havia aberto inquérito civil para apurar denúncias contra o condomínio Jardins, desde 2010. Existe ainda uma ação cautelar, pendente de agravo no Tribunal de Justiça (TJ) do Maranhão.


Nesta segunda-feira (3) foi protocolada mais uma ação cautelar, desta vez em relação aos problemas de drenagem no condomínio Jardins.

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