capa de Veja em 2006 |
As feridas causadas
por esse longo calvário são visíveis sobre o lombo de um segmento em particular
da sociedade: a classe média. Ao fim de 2006, ela se encontra curvada sob uma
brutal carga tributária, sufocada por gastos com serviços como educação e saúde
(que deveriam ser financiados pelos seus impostos) e tolhida em sua capacidade
de poupar e adquirir patrimônio. Mas há um segundo aspecto na crise da classe
média – e ele não interessa apenas aos brasileiros que já pertencem a ela. Ao
contrário do que vem acontecendo em países que estão chamando a atenção do
mundo, quase não se observa expansão na classe média do Brasil. Seu tamanho em
relação à população total ficou praticamente inalterado nos últimos 25 anos.
Essa é uma notícia ruim para o país e uma sombra sobre o seu futuro. Ela revela
que os pobres estão até se mantendo de pé graças às políticas assistencialistas
como o Bolsa Família, mas não estão subindo na escala social. A notícia também
evidencia que a própria classe média não está beliscando patamares mesmo que
inferiores do mundo dos ricos. Em resumo, a classe média brasileira está
ensanduichada. Obviamente, estar no meio faz parte de sua própria definição. O
que perturba é o congelamento, a imobilidade numérica e de pujança desse grupo
social no Brasil. Quem está dentro não sai, quem está fora não entra.
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