Apontado como o grande articulador das duas derrotas eleitorais impostas ao grupo Sarney no âmbito do Governo do Estado (com Jackson Lago e agora com o governador Flávio Dino), o ex-governador Zé Reinaldo (PSB) assegura que nunca temeu o ex-presidente José Sarney no auge do poder, muito menos agora que não consegue nomear ninguém no Governo Federal.
“Não fez ministro, não fez nada e no PMDB, quem não tem mandato é devorado”, revela.
Revela também que sempre foi perseguido pelo grupo Sarney. “Desde que rompi com o grupo Sarney, em 2004, eu nunca mais tive paz na minha vida. É um ódio, uma perseguição sem parar. Eu soube que o Sarney andava pelos tribunais atrás de processos contra mim; queria porque queria, mas eu sempre me defendi e nunca fiz nada errado”, conta.
Zé Reinaldo, que em fevereiro assume o mandato de deputado federal e depois o cargo de secretário de Minas e Energia, defende o Governo Flávio Dino dos ataques irados da mídia sarneizista e a candidatura do deputado eleito Humberto Coutinho (PSB) a presidente da Assembleia Legislativa, por ser experiente e equilibrado. “Ele é o candidato do governador e o meu também”, assegurou.
Sobram duras críticas para o Estado endividado deixado pela ex-governadora Roseana Sarney (PMDB). “A Roseana, que era a estrela da companhia, fez um governo desastroso, omisso; não sei o que ela estava fazendo esse tempo todo e agora está morando lá fora, se esbaldando. Mas pelos problemas que deixou por aqui, ela vai ter responder um dia”, disse.
A seguir a entrevista, na qual o futuro secretário detalha os projetos que pretende colocar em prática e outros temas
JORNAL PEQUENO – Qual é a radiografia da secretaria?
ZÉ REINALDO – Na realidade, a secretaria é muito pequena, o Estado não dava espaço para energias renováveis, como o gás natural, a eólica, a solar, a biomassa. E também não dava a mínima para os recursos minerais do Estado. O governador Flávio Dino quer que a gente explore os recursos naturais. O gás, por exemplo, se for bem explorado, pode gerar desenvolvimento industrial.
JP – As reservas são gigantescas?
ZR – As reservas não são a metade da Bolívia como vendiam, mas dão para ajudar a desenvolver o Maranhão. O problema é que a reserva foi entregue a empresas do Eike Batista, uma trabalhando para a outra, torrando o gás todo em termoelétricas, que não deixam absolutamente nada.
JP – Por ser uma tecnologia ultrapassada e poluidora?
ZR – Além disso, não deixam nada em termos de geração de emprego, nada. Estamos estudando muito isso, com as sucessoras do Eike Batista, a Parnaíba Gás Natural e a Eneva, que são constituídas por fundos financeiros. Essas empresas têm obrigações a cumprir, dentro desses acordos que foram feitas, até meados do ano que vem. Só depois disso que vamos poder ter a disponibilidade de gás. Vamos fazer um gasoduto, ligando a região produtora, de Santo Antônio dos Lopes até o Porto do Itaqui, seguindo a linha ferroviária para apoiar as empresas que se localizarem nesse trecho todo. A vantagem do gás do Maranhão é por conta de sair pela metade do preço que é vendido pela Petrobrás para o Nordeste.
JP – Qual é a meta?
ZR – A intenção é atrair grandes empresas e transformarem o Estado, colocando o Maranhão no nível tecnológico que hoje não tem. Implantado no Estado é capaz de fazer o desenvolvimento autossustentável nessa área industrial e tecnológica.
JP – Que outro projeto pode ser destacado?
ZR – Existe a previsão de instalação de um projeto na área de energia eólica nos Pequenos Lençóis, entre Barreirinhas e Tutóia. É um projeto que está bem desenvolvido, mas parou porque não tem dinheiro. Como o Eike Batista quebrou, o BNDES parou de financiar. Mas o projeto é tão bom que não haverá dificuldade para arranjar novos recursos. Assim vamos atrair mais investimentos para produção de energia eólica, por ser cada vez mais competitiva em termos financeiros e porque é uma energia limpa. Temos um litoral grande, mas o Maranhão não possui o mapa geral de seus recursos eólicos, vamos ter que fazer isso.
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JP – E em relação à energia solar?
ZR – É a mesma coisa. O Maranhão tem condições excepcionais de produção e vamos lançar um programa, que deve se chamar de Maranhão Solar, para atrair empresas, fábricas e empresas produtoras de energia solar. Temos regiões na área do semiárido que são muito apropriadas para a geração de energia solar. Vamos criar grandes plantas de produção desse tipo de energia. Temos também a biomassa, principalmente para os pequenos produtores, o aproveitamento do babaçu, para produzir energia renovável.
JP – Mudando um pouco para a política: pode-se dizer que agora foi sacramentado o fim do grupo Sarney com a vitória do governador Flávio Dino?
ZR – O Sarney vai ser um homem de prestígio até morrer, sem dúvida nenhuma, agora poder é uma coisa diferente. Agora o poder que ele teve para atrapalhar o meu governo e para bloquear no Governo Federal, tudo que era investimento para o Maranhão, e para impedir a vinda para cá da siderúrgica Baosteel, além de ter acabado com o governo Jackson, esse poder ele não terá mais.
JP – Até cassou o mandato do governador…
ZR – Esse poder ele não terá mais. Aquilo foi uma aberração institucional, inexplicável que acontecesse num país democrático. Esse poder ele nunca mais terá, até porque ele não tem mais as boas graças da presidente Dilma.
JP – Está tão fraco que não fez nenhum ministro.
ZR – Não fez ministro, não fez nada e no PMDB, quem não tem mandato é devorado. Com o Lula, ele vai sempre ter, mas com a presidente Dilma, não acredito que venha a ter esse prestígio. Mas ele teve um poder muito grande que poderia ter transformado até o Maranhão. O lamento é esse.
JP – Foi até presidente da República.
ZR – Quando foi presidente da República, teve tudo para mudar o Maranhão, mas não o fez. O Antônio Carlos Magalhães não foi nem a metade do que ele foi e transformou a Bahia. Aqui, o Sarney fez foi aprofundar o Maranhão na miséria e na pobreza. O domínio do grupo Sarney no Maranhão foi baseado no triple pobreza, fome e alta corrupção. De forma que isso foi que aprisionou a população do Maranhão e a deixou carente. Quando eu assumi o governo, por exemplo, não tinha ensino médio em 158 municípios. Era uma coisa premeditada. Então, eu não vejo mais o Sarney com a força e a capacidade de atrapalhar o governo Flávio Dino.
JP – Além disso, o governador é jovem, dinâmico e preparado.
ZR – O governador Flávio é um homem de muito prestígio, bem relacionado, muito respeitado. De forma que atacar um homem desses, honesto, probo e cuidadoso com a coisa pública, é extremamente difícil. O Sarney não tem mais condições de se impor aqui como grupo.
JP – E a ex-governadora Roseana?
ZR – A Roseana, que era a estrela da companhia, fez um governo desastroso, omisso; não sei o que ela estava fazendo esse tempo todo e agora está morando lá fora, se esbaldando. Mas pelos problemas que deixou aqui ela vai ter responder um dia. O grupo Sarney foi se fechando em torno da família, então o pessoal que foi chegando por último, como se fizesse parte do grupo Sarney, era quem não tinha para onde ir, mas não tinha amor algum pelo grupo. Nem o respeitava mais. Vejo nesse aspecto político que o Maranhão é outro mesmo. Existem tantos jovens de muito talento, que querem ascender à política, que podem ter um futuro brilhante na política.
JP – O senhor, que sofreu uma campanha sistemática quando foi governador, pressente que isso pode ocorrer em relação ao governador? A promessa também é de que virá chumbo-grosso, pelo que se viu nos primeiros dias de governo.
ZR – Desde que rompi com o grupo Sarney, em 2004, eu nunca mais tive paz na minha vida. É um ódio, uma perseguição sem parar. Eu soube que o Sarney andava pelos tribunais, atrás de processos contra mim; queria porque queria, mas eu sempre me defendi e nunca fiz nada errado. Vou atravessando, com muita dificuldade, mas vou atravessando. E a Justiça sempre prevalece. Não tenho medo de enfrentar o Sarney. O enfrentei quando era o super poderoso. Vejo para ele um final difícil, porque era um homem extremamente poderoso, que se via cercado e vai ter que se preparar psiquicamente para esses tempos que virão para todos, principalmente para ele que era super poderoso.
JP – O Governo Flávio Dino também já enfrenta uma campanha cerrada.
ZR – É uma marcação cerrada feita pela mídia sarneizista, inconsequente, sem escrúpulos, mas eles se queimam por si só, porque a população sabe que propagam mentiras. Mas o governador é um homem preparado, que possui experiência nas áreas jurídicas, legislativa e administrativa para fazer um governo excelente. Nesses primeiros dias já vimos uma série de medidas que seguramente ajudarão a retirar o Maranhão do atraso.
JP – Como o senhor avalia a pré-candidatura do deputado eleito Humberto Coutinho a presidente da Assembleia?
ZR – O deputado Humberto Coutinho é tarimbado, tem experiência e possui plenas condições de ser presidente da Assembleia. Ele é o candidato do governador Flávio Dino e o meu também. Com certeza vai ser eleito para realizar uma gestão equilibrada e boa para a Assembleia e para o Maranhão.
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