Por Ricardo
Kotscho
Acabei
de participar há pouco de um Jornal da Record News especial, ao lado de
Heródoto Barbeiro, Nirlando Beirão e Aldo Fornazieri, em que apresentamos um
resumo e comentamos os principais fatos e desdobramentos deste dia 15 de março
de 2015, quando 1,5 milhão de brasileiros foram às ruas para protestar contra o
governo de Dilma Rousseff, marcando um divisor de águas na nossa vida política.
Ao sair de casa, na confusão da
região próxima à avenida Paulista, fui abalroado por um carro que vinha na
contramão e ficou em cima do meu pé. Eu sei que vocês não tem nada com isso,
mas preciso explicar o motivo deste texto atrasado, ligeiro e breve que publico
abaixo.
Na abertura do programa, ouvimos o
pronunciamento e a entrevista coletiva concedidos no final da tarde pelos
ministros da Justiça, José Eduardo Cardoso, e da Secretaria Geral da
Presidência, Miguel Rossetto, em nome da presidente, que passou a tarde reunida
com seu gabinete de crise no Palácio da Alvorada.
Não queria estar na pele deles. Ficou
claro que o governo não tem mais nada de novo para dizer diante do tamanho da
crise e das manifestações que duraram o dia todo, em todas as regiões do país.
E quem é contra o governo não tem mais paciência para ouvir. Tanto que, bem na
hora em que eles começaram a falar, começou outro panelaço em várias cidades do
país.
Ficou claro no dia de hoje que está
terminando mais um ciclo político no Brasil, o da Nova República, a do chamado
presidencialismo de coalização. A corda está arrebentando por todo lado e
parece que o governo federal e o Congresso Nacional ainda não se deram conta da
gravidade do momento que estamos vivendo.
Foi também num dia 15 de março,
exatamente 30 anos atrás, que comemoramos o fim da ditadura, com a posse que
deveria ser de Tancredo Neves, o primeiro presidente civil pós-64, e que acabou
sendo de José Sarney, que deu início ao ciclo.
O divisor de águas entre a ditadura e
a democracia tinha sido a campanha das Diretas Já, em 1984. O último governo
militar ainda se arrastou até o ano seguinte, mas o seu ciclo havia terminado.
A grande diferença entre estes dois
15 de março que ficarão na história é que, desta vez, não sabemos o que virá
depois. Ao contrário de 1984, hoje não temos partidos nem lideranças políticas
capazes de comandar o processo, nem a menor ideia do que acontecerá amanhã, nem
depois de amanhã.
Pelas falas de Cardozo e Rossetto,
ficamos com a impressão de que o governo Dilma esgotou sua munição e já não
sabe mais o que fazer para acalmar as massas. Os dois falaram novamente em
diálogo, que a presidente anunciou no dia da sua reeleição e até agora não
colocou em prática nem dentro da própria base aliada, no pacote anticorrupção,
prometido ainda durante a campanha eleitoral, na reforma política e no fim do
financiamento privado.
Acontece que tudo isso já foi falado
antes, e não se mostrou capaz de apontar horizontes nem devolver esperanças.
Quem ainda quer diálogo com um governo sem rumo nem norte? Quem acredita em
pacotes, sejam fiscais ou de combate à corrupção?
Reforma política depende dos
políticos, muitos deles investigados na Lista do Janot. Os poderosos Gilmar
Mendes, ministro do STF, que não devolve o processo, e o presidente da Câmara,
Eduardo Cunha, já anunciaram que, por eles, o financiamento privado de
campanhas, que está na raiz de todas as corrupções, nunca vai acabar.
É este o resumo da opera.
Vida que segue.
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