GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA
Folha de São Paulo
Com
críticas ao presidente do Partido dos Trabalhadores, Rui Falcão, Cunha disse
que o PMDB "não é respeitado pelo PT" – por isso os peemedebistas
devem repensar a união com o principal aliado para as eleições de outubro.
"A cada dia que passo me convenço mais que temos de repensar está aliança,
porque não somos respeitados pelo PT", afirmou em seu perfil no Twitter.
Em
entrevista à Folha, o
peemedebista reiterou as críticas e a defesa do fim da aliança ao afirmar que
Falcão desrespeitou o PMDB ao fazer críticas a lideranças da sigla. "Não
preciso xingá-lo como fizeram outras lideranças do PMDB porque não sou igual a
ele. Mas por onde passa o Rui Falcão, mais difícil fica a aliança",
afirmou.
Cunha
reagiu a supostas declarações do presidente do PT que, durante sua passagem no
Sambódromo no último domingo, teria afirmado que o grupo liderado pelo deputado
peemedebista está "insatisfeito" porque não foi contemplado na
reforma ministerial da presidente Dilma Rousseff.
O
deputado disse que a bancada do PMDB da Câmara, como decidiu coletivamente, não
vai indicar nenhum nome na reforma ministerial mesmo que o governo decida
contemplá-la com uma pasta no primeiro escalão. "A bancada do PMDB na
Câmara já decidiu que não indicará qualquer nome para substituir ministros.
Pode ficar tudo para o Rui Falcão", alfinetou.
Cunha
também disse que Falcão age de "má fé" ao propagar versão de que a
ala ligada ao deputado esteja negociando a liberação de emendas parlamentares
para destrancar a pauta de votações da Câmara. "Não me compare com o que o
partido dele fazia no RJ, doido atrás de boquinhas", disse o peemedebista.
O presidente do PT não foi encontrado para comentar as declarações de Cunha.
AMEAÇAS
Rui Falcão é contra a aliança com o PMDB |
Liderada
por Cunha, a bancada do PMDB da Câmara decidiu adotar postura "independente"
nas votações no Congresso desde que Dilma manifestou a intenção de retirar do
grupo uma pasta na reforma ministerial. Os deputados decidiram não indicar
nenhum nome à presidente e articulam a formação de um "blocão" com
partidos insatisfeitos com o PT.
O
grupo, capitaneado pelo PMDB, somaria mais de 250 dos 513 deputados – reunindo
congressistas do PP, PR, PTB, PDT, Pros, PSC e o oposicionista Solidariedade.
Os governistas atacaram a falta de interlocução com o governo, o rompimento de
acordos para o pagamento das chamadas emendas parlamentares, a interferência do
Planalto na pauta da Casa, além de privilégios ao PT e tratamento diferenciado
para aliados no Senado –dentro do próprio PMDB.
A
presidente Dilma Rousseff deve indicar o senador Vital do Rego (PMDB-PB) para o
Ministério do Turismo, gesto que agrada à bancada do partido no Senado. Em
contrapartida, não pretende manter sob o comando do PMDB da Câmara duas pastas
que hoje são ocupadas por indicados da bancada: Turismo e Agricultura.
Paralelamente,
PT e PMDB enfrentam problemas no Rio de Janeiro depois que os petistas
confirmaram o lançamento da candidatura do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) ao
governo do Estado. O PMDB vai lançar o vice-governador Luiz Fernando Pezão, que
não tem o apoio dos petistas.
Em
retaliação à candidatura de Lindbergh, parte do PMDB fluminense ameaça apoiar o
presidenciável Aécio Neves(PSDB) – provável adversário da presidente Dilma
Rousseff. Falcão acompanhou o desfile no Sambódromo, no domingo, no camarote do
governador Sérgio Cabral (PMDB). No Sambódromo, Pezão voltou a prometer apoio à
reeleição de Dilma Rousseff (PT).
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