O deputado Weverton Rocha (PDT) apresentou uma série
de argumentos contra a redução da maioridade penal no Brasil, em artigo
publicado nesta quinta-feira (25) pelo jornal Correio Brasiliense. Para o
parlamentar maranhense, é preciso debater criteriosamente a matéria, que deve
ser votada no plenário da Câmara Federal no próximo dia 30. “Devemos convocar
especialistas, confrontar números, estudar legislações e experiências mundiais
para decidir. A responsabilidade dos congressistas é produzir leis eficazes, efetivas,
e não sugestões psicológicas”, disse ele.
Em importante espaço concedido
pelo Correio Brasiliense, Weverton Rocha lembrou no artigo que o adolescente
brasileiro já é responsabilizado por qualquer ato contra a lei, e o Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA) prevê seis medidas educativas: advertência,
obrigação de reparar o dano, prestação de serviços, liberdade assistida,
semiliberdade e internação. Para ele, o que precisa é a aplicação da lei.
“Não há dados estatísticos que
comprovem ou indiquem a redução dos índices de criminalidade por meio do
rebaixamento da idade penal. Ao contrário. O ingresso antecipado no sistema
prisional expõe adolescentes a reproduzir a violência. As taxas de reincidência
nas penitenciárias são de 70%, enquanto no sistema socioeducativo estão abaixo
de 20%”, argumenta o pedetista.
No artigo, Weverton Rocha também
ressalta que o Brasil tem a quarta maior população carcerária do mundo e um
sistema prisional superlotado com mais de 607 mil presos, perdendo apenas para
os Estados Unidos (2,2 milhões), China (1,6 milhão) e Rússia (673 mil). Com
base nesses dados, o deputado afirma que o sistema penitenciário brasileiro não
cumpre função de reeducação. “Ao contrário, é uma autêntica academia do crime”,
enfatiza.
Na opinião do deputado, a redução
da maioridade penal só inverte o problema da violência, tratando o efeito, e
não a causa, pois a maioria dos adolescentes é de vítimas, e não autores da
violência, especialmente os mais pobres e negros. Considerando dados de 55
países, os jovens representam, em média, 11,6% do total de infratores. No
Brasil, somam cerca de 10%.
Weverton Rocha externou, ainda,
preocupação com os reflexos da redução da maioridade penal na legislação
brasileira, informando que recentemente o Congresso Nacional aprovou leis que
endurecem as penas para os crimes sexuais contra crianças e adolescentes e
criminalizam condutas que colocam em risco a vida e a integridade física de
vulneráveis. Ele ressalta que, com a imputabilidade aos 16 anos, não se
considerará adolescente o indivíduo que tenha entre 16 e 18 anos de idade,
podendo ser liberada para menores a venda de bebida alcóolica e cigarros, e a
obtenção de habilitação para dirigir.
“As pesquisas indicam quase
unanimidade pela redução da maioridade penal, mas não é pedagógico criarmos
ilusionismo legislativo afirmando que a medida vai diminuir a violência, porque
não vai”, finalizou ele.
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