Glaucione Pedrozo
O Imparcial
Glaucione é jornalista de O Imparcial |
Engraçado como no Maranhão o debate sempre recai para
"sarneysmo". Ninguém sai da zona de conforto para debater os
problemas, quaisquer que sejam. Antes de tudo, explico-lhes a dinâmica do
jornalismo. No último domingo o jornal O Imparcial trouxe em suas páginas a
seguinte: A guerra pela legalização da maconha. O
título deveria ser um convite à leitura da matéria. Se são sensacionalistas, o
problema é outro.
Depois
disso, outro ponto a ser esclarecido é quanto à produção de uma reportagem:
implica em ouvir diversas fontes, que exponham pontos de vista diferentes. Além
de dados de pesquisa, etc. No último domingo (30), foi veiculada no jornal O
Imparcial uma matéria de minha autoria que levanta o debate sobre a legalização
do uso da maconha. Analisando os comentários na página do jornal, vi que muita
gente se limitou a ler o título e daí tirou conclusões.
Bom,
infelizmente, o deputado Jean Wyllys realmente não se manifestou depois de
inúmeras tentativas de contato. Tirando o primeiro email, que foi respondido de
maneira agressiva (e isso motivou o título), e que também fugia aos
esclarecimentos do jornal, os meus emails foram ignorados. Mas mesmo assim tive
a lealdade de colocar o ponto de vista do parlamentar, que se manifestou ponto
de vista por artigo na Carta Capital.
Sim,
na sexta feira (29) ele estava em São Luís, mas quem é jornalista de redação e
sabe do deadline de uma matéria especial, entende o prazo de entrega. Eu creio
que expor pontos de vista diferentes não torna uma matéria tendenciosa, pelo
contrário, abre o debate. Ouvi uma profissional respeitada, que atua na área de
reabilitação de dependentes químicos. Ela expôs o seu ponto de vista, que é
diferente do ponto de vista do parlamentar. Fiz questão também de levantar o
debate do ponto de vista jurídico e também do ponto de vista da comunicação. O
porquê de os parlamentares usarem tanto as mídias sociais? Ouvi um grande
especialista no assunto. Por fim, ouvi opiniões de parlamentares “ligados” e
“de oposição” à família Sarney para exporem seus pontos de vista quanto à
imagem do jornal e a opinião do parlamentar do Rio de Janeiro.
O
trabalho que foi feito, nada mais é que apuração. Mas o debate aqui,
infelizmente sempre se limita ao que é "Sarney" ou
"Nao-Sarney". Eu não escrevi para que os colegas gostassem de mim ou
para defender a visão do deputado Jean Wyllys, do Sarney ou de quem quer seja.
Se ser conservadora é dar espaço ao debate plural (conservador e progressista,
sim porque só dar espaços a “progressismos” não configura debate e sim
folhetim), eu sou conservadora.
Estou
em paz, com a plena certeza de dever cumprido. A sociedade merece saber do
“outro” lado, ainda que seja conservador. Escrevi levantando as hipóteses de um
debate que, em minha opinião, diante da gravidade, deveria ser levado a uma
maior consulta popular, como um plebiscito.
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